Saiba o que é preciso para um período de pausa sem comprometer as finanças.
Viver um ano sabático pode ser uma meta para quem deseja uma oportunidade de explorar o mundo, se aprofundar em interesses pessoais ou, simplesmente, recarregar as energias. No entanto, o aspecto financeiro precisa ser considerado e, por vezes, acaba sendo o responsável por adiar o projeto. Mas há uma boa notícia: órgãos ligados à saúde financeira garantem que com planejamento é possível alcançar o objetivo.
De acordo com a Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), o planejamento financeiro é fundamental para as pessoas que pretendem realizar algum sonho material, que significa qualquer objetivo que dependa de dinheiro para ser concretizado, seja no curto, médio ou longo prazo.
No caso de um ano sabático, é preciso que o planejamento seja feito com antecedência, a partir de metas financeiras claras e realistas sobre o quanto é possível economizar e a quantia necessária para se manter durante os 12 meses em questão.
Também é aconselhável investir para fazer o dinheiro poupado render. Para isso, a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) recomenda estudar sobre os investimentos para definir quais estão alinhados ao perfil e os interesses do futuro investidor.
Uma das ferramentas que podem auxiliar o processo é o Índice de Fundos de Investimentos Imobiliários (ifix), responsável por medir o desempenho desse tipo de fundo na Bolsa de Valores (B3). Os fundos imobiliários são considerados pela Abefin como a forma mais segura de investir em renda variável, modalidade que oportuniza maior rentabilidade em comparação com a renda fixa.
Na prática, o investidor se expõe ao mercado imobiliário de forma mais acessível, sem a necessidade de comprar um imóvel, apenas adquirindo cotas de empreendimentos ou papéis do setor. Alguns fundos imobiliários garantem o pagamento de rendimentos periódicos, o que pode ser mais um atrativo para o período de pausa.
Afinal, o que é um ano sabático?
A prática sabática é milenar. O livro judeu Torá afirma que, há três mil anos, já existiam indícios do chamado Shmita, quando os trabalhadores rurais davam uma pausa de um ano para a terra descansar, após um período de seis anos de produção.
Da mesma forma que o sábado é um dia de descanso na tradição judaica e cristã, o ano sabático – que pode ter uma duração variada para mais ou para menos de 12 meses – parte da mesma premissa.
Outros livros de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal, como “A Coragem de Ser Imperfeito”, de Brené Brown, e “O Poder do Agora”, de Eckhart Tolle, citam o ano sabático como uma opção que pode proporcionar desenvolvimento pessoal e descanso. Outras vantagens incluem explorar novas perspectivas profissionais e aprimorar habilidades diversas.
Ao se distanciar das obrigações cotidianas e das expectativas sociais, os indivíduos podem ter a oportunidade de pensar sobre seus objetivos de vida para além da própria identidade.
Durante o ano sabático, as pessoas podem descobrir novos hobbies e interesses e despertar habilidades que talvez nem soubessem ter. A exposição às novas experiências e culturas contribui para a expansão da visão de mundo, o que promove uma compreensão mais aprofundada de si e do que se deseja alcançar na vida.
Quanto poupar para essa temporada?
De acordo com a Anbima, o primeiro passo para começar um planejamento financeiro e viver um período sabático é definir objetivos claros. Para isso, é necessário refletir sobre as razões envolvidas na escolha de parar de trabalhar durante uma temporada, o tempo exato da pausa, o que se pretende realizar, as intenções ao voltar para a vida normal, entre outras questões.
Para saber quanto poupar, é preciso levar em conta diversos fatores, não sendo possível estipular um valor único para todos os casos. Alguns aspectos a serem avaliados incluem o fato de já ter ou não uma reserva para ser usada durante o ano sabático; a pretensão de viajar para outro país; a intenção de estudar fora e se irá receber bolsa ou auxílio; a presença ou não de família; e se é possível fazer pequenos trabalhos para obter uma renda extra nesse tempo.
Segundo a Anbima, esses detalhes fazem a diferença no cálculo de quanto será preciso economizar por mês para ser possível realizar esse sonho. Depois que os objetivos e as condições forem definidas, é hora de estimar os custos do período sabático.
Caso a ideia seja mudar de país, é necessário pesquisar em sites de hospedagem a estimativa de preço da moradia dos lugares desejados; procurar comunidades e grupos que possam fornecer informações sobre o custo de vida; compreender como funciona o sistema de saúde local. Embaixadas e consulados são algumas das fontes indicadas para ajudar nessa empreitada.
Investir o valor economizado para desfrutá-lo no futuro
Para desfrutar de um período sem trabalhar no futuro, é imprescindível guardar dinheiro no presente. Para isso, é indicado fazer uma avaliação cautelosa do orçamento e identificar despesas que possam ser reduzidas ou eliminadas.
Repensar o modo de vida e optar por escolhas minimalistas são caminhos que facilitam o processo. A revisão do padrão de vida pode ser útil, inclusive, para enxugar e simplificar o orçamento, reduzindo a quantia necessária para gastar ao longo do ano sabático. Deixar de andar de carro por alguns meses e mudar para uma casa ou apartamento com aluguel mais barato são algumas das alternativas mencionadas pela Anbima.
Outro ponto de atenção é a antecedência com que o planejamento é feito. Quem começa a planejar o período sabático quatro anos antes, por exemplo, pode ter uma tranquilidade maior se comparado a quem inicia a organização com menos tempo.
Com o dinheiro economizado, é importante procurar produtos financeiros que ofereçam prazos condizentes com o tempo estipulado até o início do ano sabático.
Alguns exemplos de investimentos que podem ser considerados são o Tesouro Direto, os Certificados de Depósito Bancário (CDBs), as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e as Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs). Todos são produtos de renda fixa. Para quem deseja investir na renda variável, os fundos imobiliários são os mais indicados.